Mais um capítulo da novela da obra do Terminal Urbano de Guaxupé se desenrolou neste fim de semana. Desde o sábado (19), uma publicação no Facebook repercutiu entre os guaxupeanos. Nela, um dos funcionários da obra relata atrasos de pagamento nos salários. O Portal da Cidade Guaxupé ouviu o autor da denúncia, bem como outros seis funcionários da obra na manhã desse domingo (21). Todos são de Guaxupé. Além do atraso nos salários, as reclamações dão conta de falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI), como cinto de segurança para trabalhar no alto; além de material para o seguimento da obra.
Publicação nas redes sociais repercutiu entre os guaxupeanos. (Foto: Reprodução/Facebook)
O eletricista Celso Afonso Portes, autor da denúncia nas redes sociais, trabalha na obra desde o mês de setembro. “Essa questão de salário atrasado sempre existiu, poucos meses que foram pagos em dia. Nós só temos como provar pelas nossas contas no banco, nós não recebemos holerite. Hoje é dia 21 e não recebemos o salário do mês passado. Muitos de nós estamos em tratamento e não temos como comprar remédio, pagar cartão, aluguel e as despesas de casa. De setembro até hoje, só tenho três contracheques”, disse Celso ao Portal da Cidade Guaxupé
Prego e Chinelo
Eletricista, carpinteiros, pedreiros e encarregado denunciaram a falta de material e EPI na obra do Terminal Urbano e da Ponte do Taboão. ( Foto: Carol Negrão)
Além do frequente atraso dos salários, os funcionários reclamam de falta material para trabalhar tanto na obra do Terminal Urbano, quanto na Ponte da Taboão. A empresa Cordefer Indústria Comércio Esquadrias Ltda, de São Gonçalo, no Rio de Janeiro é a responsável pelas duas obras, que possuem 40 funcionários no total.
O pedreiro Sérgio Cunha pediu demissão da obra na semana passada por causa da falta de material. Ele seria da equipe da obra da Ponte do Taboão. “ O meu encarregado mandou em passar argamassa na torre do Terminal, numa altura de 13 metros. Mas não tinha espátula e ela mandou eu passar com chinelo”, lembrou o pedreiro.
Segundo os funcionários a falta de material é frequente. “Minha parte é elétrica. Eu tenho pedidos de material tem mais de três meses. Não chegou material para eu fazer a instalação elétrica na parte de cima do terminal, e é simplesmente cano. Faz dois meses e eu não posso fazer nada, esperar. Se a empresa diz que não deu a medição, quem é o culpado? Alguém tem que ser responsável, mas que essa responsabilidade não caia em cima dos funcionários. Os funcionários estão parados porque não tem material”, afirmou o eletricista Celso.
O funcionário ainda afirma que durante a fiscalização que é feita frequentemente pelo prefeito e secretários, os empregados “catam pregos com imã”, carpem mato, ou removem terra com máquina para dar a impressão de que estão trabalhando. Na manhã desta segunda-feira (22) o Portal da Cidade esteve no local da obra e verificou que havia cinco funcionários trabalhando na torre do Terminal Urbano e outros dois fazendo a pintura das ferragens. Outros empregados estavam parados ou sentados à beira do Rio Guaxupé.
Obra do Terminal Urbano nesta segunda-feira (22). Previsão de entrega é para 12 de agosto de 2020. (Foto: Portal da Cidade Guaxupé)
O que diz a Cordefer
O Portal da Cidade Guaxupé entrou em contato com o engenheiro responsável pela obra, Ramon Rocha de Oliveira, que está em São Gonçalo (RJ). Segundo o engenheiro, a empresa Cordefer compra material faz a etapa da obra e medição para depois ser ressarcida dos gastos. Mas a pandemia do novo Coronavírus teria afetado o fluxo de caixa.
“O problema lá é de medição. Lá para a gente receber, vamos supor, nós temos 100m² de obra fazer, e a gente fez 98m², a gente não recebe pelos 98, a gente só recebe quanto tem o mesmo evento. A gente recebe por evento. É um negócio muito engessado. Eu estou no RJ, a nossa empresa está abastecendo a obra o tempo inteiro. A gente tira o que tem aqui e joga para obra então ele tem uma alavancagem muito grande. Com a pandemia, chegou o momento que a gente não conseguiu mais abastecer, teve que bancar tudo. Nós estamos dependendo de medições da obra para manter a própria obra. Por mais que a gente esteve fazendo esforço para dar certo para todo mundo, para a cidade e para vocês, esse mês a gente atrasou os salários, mas vai ser regularizado hoje (22). O fluxo financeiro que a gente tinha aqui na empresa, por conta dessa pandemia, deu uma diminuída e a gente acabou dependendo da medição da própria obra”, informou o engenheiro
A obra do Terminal Urbano tem custo de R$1.992.370,46 e tem previsão de entrega em 12 de agosto de 2020.
Em contato com os funcionários ouvidos pela reportagem, o pagamento do salário de maio, foi pago no início da tarde desta segunda-feira (22).
"Interminável Urbano"
As obras do Terminal Urbano se arrastam desde 2017. A Cordefer é a terceira empresa a assumir as obras do terminal depois que as duas primeiras não tiveram condições de continuar a construção seja por falta de caixa, ou de impasse contratual. Os problemas com a construção viraram meme nas redes sociais, que batizaram a obra de "Interminável Urbano".
O Terminal Urbano e Intermunicipal de Guaxupé está sendo construído em uma área de 7.300m² entre as ruas João Pessoa e Benedicto Gherardo Lopes. A área foi desapropriada pela prefeitura em 2014 por quase R$1,5 milhão.
O Portal da Cidade Guaxupé tenta contato telefônico desde o fim da manhã desta segunda-feira (22) com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Guaxupé para saber o posicionamento do poder executivo sobre os fatos narrados pelos funcionários da obra, porém até essa publicação, não obtivemos retorno.
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