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Pesquisa

Guaxupeana participa do primeiro transplante de células-tronco do tecido adiposo

A pesquisadora Lara Minchillo foi criada em Guaxupé e faz parte da pesquisa pioneira que pode melhorar a vida de pacientes com risco de amputação.

Publicado em 09/08/2019 às 02:04

Lara (esq) durante o primeiro transplante de célula-tronco do tecido adiposo no Brasil. (Foto: Reprodução/Youtube)

As células-tronco adultas do tecido adiposo podem ser obtidas por meio de lipoaspiração e são do próprio paciente. (Foto: Reprodução/Youtube)

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou no mês de junho o primeiro transplante de células-tronco adultas do tecido adiposo em uma paciente diabética. O transplante reuniu equipe multiprofissional do Hospital Risoleta Neves, da Faculdade de Medicina e do Instituto de Ciências Biológicas, com apoio do Hospital das Clínicas da UFMG. Entre os profissionais que participaram do procedimento, está a médica Lara Léllis Minchillo Lopes, guaxupeana e filha de Alexandre Minchillo Lopes e Alsten Léllis Minchillo Lopes.

Veja a matéria da TV UFMG sobre a pesquisa:


A paciente que recebeu o transplante certamente teria a perna amputada. “Foi a primeira vez que a gente fez no território brasileiro e provavelmente uma das primeiras do mundo”, afirmou o coordenador de Cirurgia Vascular do Hospital Risoleta Neve, o médico Túlio Navarro, à TV UFMG.

Segundo Lara, que é assistente de Navarro, o foco inicial da pesquisa, que é inédita no Brasil, é a isquemia crítica, uma doença grave cujos principais fatores de risco são diabetes e tabagismo. “Essa escolha se deve à alta prevalência dessa doença, que consiste na obstrução das artérias do membro inferior podendo levar à amputação. Mas certamente há diversas outras aplicações para o uso destas células na cirurgia vascular e em outras especialidades médicas. A terapia com células-tronco já se mostrou promissora no tratamento de diversas doenças como infarto, artrite, doença inflamatória intestinal e até mesmo autismo. Pesquisadores em todo o mundo estão estudando possíveis aplicações para essa nova terapia e nosso grupo também espera poder tratar outras doenças no futuro”, explica a médica. 

A técnica pode trazer esperança para pessoas que sofrem com doenças vasculares. A cada 30 segundos um paciente e amputado devido ao diabetes, o que torna a isquemia crítica um problema de saúde pública.

Lara Minchillo / Pesquisadora / UFMG

Esperança

Além da perda funcional, a amputação tem consequências terríveis do ponto de vista psicológico, familiar e econômico. Caso nossa técnica se prove eficaz, poderemos oferecer uma alternativa aos milhares de brasileiros em risco de amputação, não somente os diabéticos como também portadores de outras doenças vasculares crônicas.

Lara Minchillo / Pesquisadora / UFMG

 

Pesquisa 

A pesquisa começou em 2016 com o objetivo de realizar estudos em humanos. Lara também realizou estudos pré-clínicos em modelos animais, na Universidade de Yale (EUA). 


Dr. Túlio Navarro e médica pesquiadora Lara Minchillo, trabalham junto na pesquisa com células- tronco. (Reprodução/ TV UFMG)

“A minha assistente, a Lara, ela foi primeiro para os Estados Unidos, onde ela ficou na Universidade de Yale, durante seis/sete meses aprendendo métodos de separação de células-tronco. Nós pegamos a tecnologia que já existe aqui a UFMG pela professora Lucíola (Barcelos). Vimos todos os dados da literatura e fizemos nosso método: barato e simples”, afirmou Dr. Navarro à TV UFMG. 

“Em junho de 2019, após autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, iniciamos os estudos em humanos por meio do projeto Limb Rescue e já estamos programando nosso segundo paciente”, conta Lara Minchillo. 

Ela ainda explica sobre as células-tronco que são utilizadas na pesquisa. “Existem três tipos de células-tronco: embrionárias, adultas e induzidas. As células tronco de tecido adiposo pertencem ao grupo de células tronco adultas. São células que não sofreram o processo de diferenciação completo e por isso mantém uma grande capacidade regenerativa. Quando essas células são injetadas em um órgão danificado, elas produzem citocinas, substâncias responsáveis por induzir o reparo daquele tecido. As células-tronco do tecido adiposo apresentam muitas vantagens: elas são facilmente obtidas por lipoaspiração e não há possibilidade de rejeição ou de conflito ético, já que elas são retiradas do próprio indivíduo que irá recebê-las. Por essas razões apostamos nessas células como uma excelente alternativa para os nossos pacientes”. 

A paciente que recebeu o transplante das células-tronco no dia 16 de junho está bem e já está em casa. “Estamos acompanhando sua evolução em nível ambulatorial. Estamos otimistas, mas ainda é cedo para afirmar se houve o resultado esperado, pois os efeitos dessa terapia demoram semanas para aparecer”, avalia a médica guaxupeana.

Sobre a médica

Lara nasceu em Belo Horizonte, mas se considera de Guaxupé. “Guardo grande carinho pela cidade que acolheu meus pais, Alsten e Alexandre, e onde morei até meus 16 anos. Em 2017 tivemos a alegria de estabelecer uma parceria entre a prefeitura e a nossa Liga de Cirurgia da UFMG. Desde então, Guaxupé recebe nossos Mutirões de Cirurgia, o que para mim representou uma forma de retribuir à cidade pelo que proporcionou a mim e a minha família. Nesses eventos, os guaxupeanos são sempre muito elogiados pela educação e hospitalidade, o que me enche de orgulho”, finaliza.


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