Portal da Cidade Guaxupé

FOLIA DE REIS

Companhias de Reis em Guaxupé mantêm tradição centenária

Cortejos vão até dia 06 de janeiro com a “Chegada”.

Publicado em 29/12/2023 às 18:00

(Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

Jantar aconteceu no Buffet Le Triage. (Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

(Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

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Mateus, embaixador da Companhia de Reis. (Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

Mateus, embaixador da Companhia de Reis. (Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

(Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

Rosângela foi a fiel que ofertou o jantar à Cia. (Foto: Carol Negrão/ Portal da Cidade)

Já é possível ouvir por toda a cidade de Guaxupé os sons dos pandeiros, sanfonas e da cantoria, que caracterizam as Companhias de Reis. E atrás delas, uma multidão para acompanhar os cafés, almoços e jantares. E na noite dessa quinta-feira (28), foi o Le Triage que recebeu a Companhia de Reis Estrela Guia do Mateus. Realizando os cortejos durante o mês de dezembro, a festa religiosa e cultural das companhias vai até o dia da “Chegada” em 06 de janeiro, Dia de Santos Reis.

Em entrevista ao Portal da Cidade Guaxupé, o embaixador da Companhia de Reis Estrela Guia nos últimos 21 anos, Geraldo Mateus Gomes, mais conhecido por Mateus, conta sobre a expectativa para as festas: “Nós esperamos o ano inteiro porque temos na nossa mente e coração essa tradição, é nossa obrigação mostrar essa viagem sobre a profecia do nascimento de Jesus”.

Com 49 anos de jornada na festa religiosa, Mateus fala que tem ensinado a tradição para os mais jovens: “Aqui na Estrela Guia temos crianças de 3 a 72 anos! Temos bastiãozinhos de 3, 4 e 5 anos que vem aprendendo, temos cantador de 12 anos, tem de 19 e de 50 anos, então nós vamos passando a tradição, os mais velhos vão e ficam os mais novos. Toca pra frente, não pode é parar”, disse ele sobre o desafio de manter a tradição imaterial em Guaxupé.

A cidade é conhecida pelo número de Companhias de Reis e Pastorinhas. De acordo com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artísticos de Minas Gerais (IEPHA) são 15 companhias cadastradas, mas o número pode ser maior.

Essa manifestação religiosa e cultural tem muito envolvimento dos devotos da cidade, que recebem nas casas, dão jantares e dão contribuições. “O povo que ajuda com as viagens e com a ida para Aparecida do Norte que fazemos todo ano, porque nós não temos condições, então um ajuda com as passagens e doações em dinheiro. Já os jantares cada um doa um pacote de alimento ou dinheiro, vamos juntando e fazemos a festa!”, conta o embaixador.


Origem da Folia de Reis

A Folia de Reis, Companhia de Reis, Reisada ou até mesmo Ternos de Reis ou Bandeiras, é uma festa religiosa e cultural muito popular que permanece no Sul de Minas, nascida da religião Católica e na devoção a Santos Reis. A festa tem origem portuguesa e espanhola, havendo estudiosos que defendem que a celebração tenha chegado ao Brasil ainda durante o período de colonização. Dessa forma, a Folia dos Reis pode ter sido usada como forma de catequização dos povos indígenas.

A festa dura 12 dias, do dia 24 de dezembro, véspera de Natal, ao dia 6 de janeiro (Dia de Santos Reis) , considerada como a chegada dos reis a Belém. O enredo do cortejo lembra a viagem dos três reis magos – nomeados pela religião Católica como Baltazar, Melchior e Gaspar – a Belém para encontrar Jesus recém-nascido.

Os cortejos, formados por músicos, cantores e bastiões (também chamados alferes ou palhaços), percorrem toda a região rezando através do canto, celebrando jantares, pedindo bênçãos aos donos das casas por onde passam e portando uma bandeira com a imagem da Sagrada Família com os Magos, que na tradição, é passada por todos os cômodos da casa que os recebem.

Os destaques das Folias de Reis são os palhaços ou bastiões com suas máscaras assustadoras, acessórios e fitas coloridas, que possuem significados diferentes, dependendo da localidade e da Companhia. Na sua maioria os bastiões representam os Reis Magos que se camuflam para enganar os soldados de Herodes.

Em outros cortejos, segundo explicação dos próprios foliões, os mascarados representam o mal, sendo a concretização dos soldados de Herodes ou do próprio demônio. Com essa vinculação ao mal, os palhaços seriam impedidos de tocar a bandeira sagrada da Folia, nunca podendo ficar à sua frente no cortejo. Há outras interdições para os palhaços, como a impossibilidade de se aproximarem do presépio ou, em alguns casos, de só entrarem na casa visitada após os cantos finais, ainda assim retirando as máscaras.

Há também a representação dos palhaços como o elemento sagrado da festa. Sendo eles a representação direta dos reis Gaspar, Melchior e Baltazar, é sempre um deles que porta a bandeira.


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