Portal da Cidade Guaxupé

Diabetes

Sem endocrinologista no SUS de Guaxupé, diabético gasta R$400 com consulta

Mãe de paciente relata problemas na atenção básica aos portadores da doença que atinge 6% da população.

Publicado em 30/10/2020 às 02:26

Dircinéia reclama da falta de endocrinologista em Guaxupé. (Foto: Carol Negrão)

Há oito anos a dona de casa Dircinéia Aparecida Alves Paulista luta para conseguir fazer o tratamento do filho, que tem diabetes, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Guaxupé. Segundo ela, a falta de fitinhas para medir a glicemia, agulhas de caneta para aplicação de insulina são recorrentes, mas o grande problema é a falta de médico endocrinologista para o atendimento de pacientes da doença em Guaxupé.

“A gente tem uma dificuldade muito grande porque a gente não tem endocrinologista aqui por conta do SUS. A gente até teve uns anos atrás duas, mas elas pararam e a gente não teve nenhum retorno sobre porquê. Então a gente paga. É um valor muito alto, em torno de R$400 e nessa consulta a gente tem exames para fazer, que também não são oferecidos pelo SUS. A gente tem um outro custo de caneta, agulha, que não é fornecido pelo departamento de Saúde. Se a gente quiser, a gente tem que comprar e cada caixa custa em torno de 100 reais, dessas agulhinhas que vão na ponta da caneta. Não adianta nada eles fornecerem a caneta, se a gente não tem a agulha”, explicou Dircinéia.

De acordo com dona de casa, a diabetes do filho mais velho, que hoje está com 18 anos foi descoberta há 8 anos e desde então os gastos da família cresceram. Numa média mensal, a família gasta R$600 apenas com o tratamento do filho, incluindo médico, exames e tratamento.

Agulha para caneta de insulina não é fornecida pela Prefeitura. ( Foto: Carol Negrão)

O assunto foi tratado pelo vereador Francis Osmar (PSC) durante reunião da câmara municipal de Guaxupé há duas. Segundo ele, além de Dircinéia, outras mães de crianças reclamam da falta de endocrinologista na rede pública de Guaxupé.

“Ele (Francis) ajudou a correr atrás porque estava faltando insulina. Então tem mês que você vai lá e tem uma fita para ficar medindo, outro mês não tem. E às vezes você passa pelo clínico geral e o clínico geral fala que precisa mexer na dose de insulina, mas não pode. Tem que ser médico que faz o acompanhamento e a gente não tem esse apoio. Faz onze anos que eu pago esse valor. Agora se a gente tivesse aqui, seria muito mais fácil. Quando procurei a prefeitura para saber o que seria feito, eles disseram que não tem contratação do endócrino porque o valor que é fornecido pelo SUS, nenhum quer trabalhar por esse valor”, disse a dona de casa ao Portal da Cidade Guaxupé.

O que diz a prefeitura

Procurada, a Prefeitura e Guaxupé informou que possui 30 vagas de atendimento para medico endocrinologista por mês pelos consórcios CISMIP e CISLAGOS, são disponibilizados em média 30 vagas por mês. A dona de casa disse que nunca foi informada sobre essas vagas. O Portal da Cidade também questionou quantos pacientes diabéticos são atendidos por essas vagas e se existe uma fila de espera, o que não foi respondido até a publicação desta reportagem.

Ainda de acordo com a prefeitura, “as tiras reagentes de medida de glicemia capilar, são disponibilizadas pelo SUS para portadores de diabetes mellitus insulino-dependente através de protocolo do Ministério da Saúde, cujos pacientes são cadastrados no programa de monitoramento. Neste ano de 2020 o município realizou aquisição de 240 mil tiras reagentes, sendo que as entregas foram realizadas em 07/02/2020, 22/05/2020 e 03/09/2020. Há ainda mais uma compra realizada de 36 mil tiras com entrega prevista para 05 de novembro. Cabe ressaltar que as compras são realizadas por adesão a ata do Estado de Minas Gerais, que a realiza para todas as cidades do Estado com programação específica pelo Sistema integrado de Gerenciamento da Assistência farmacêutica. Quanto as canetas agulhadas, trata-se de dispensação Estadual, deferida pela Secretaria de estado de Saúde em 14/04/2020 cujo protocolo contempla pessoas abaixo de 16 anos e acima de 60 anos. Não houve falta do insumo e sim atraso na abertura do sistema Estadual, para solicitação dos mesmos. As lancetas seguem a mesma logística de aquisição e dispensação das canetas e tiras reagentes, ou seja, as aquisições são realizadas de acordo com cronograma de abertura do sistema do Estado de Minas Gerais”, informou a prefeitura.

“Eu fico com medo, porque nem todo o mês a gente tem dinheiro para pagar porque de três em três meses a gente tem que passar com o endócrino. Então às vezes falta, fica doente, sente alguma coisa. A primeira coisa que o clínico geral fala é procurar o médico dele, porque ali pode dar problema na vista, os rins podem parar, entre outros problemas por causa de uma diabete mal controlada. A gente fica assim, sem apoio, que a gente não tem. Por isso a gente precisa de um endocrinologista”, finalizou Dircinéia.

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