A cultura da Folia de Reis e as paisagens do sul de Minas Gerais ganham trilha sonora própria com o lançamento de ‘Pode Agradecer?’, disco de estreia do pianista e compositor Tiago Mineiro, 37, que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (11).
Após mais de uma década de carreira dedicada a emprestar o talento nas teclas para os maiores nomes da música brasileira como Tony Tornado, Cláudya, Jane & Herondy, Edu Falaschi, Made in Brazil e Landau em inúmeros shows e mais de 40 CDs e DVDs, Mineiro, que é de Alfenas, se lança em projeto solo marcado pelo simbólico encontro com o também pianista mineiro, o consagrado maestro Wagner Tiso, 75.
Mineiro faz duo com Tiso em duas faixas - ‘Cortando Jaca’ e ‘Estrada Geraes’ - e assim promove um verdadeiro encontro de gerações do piano mineiro nunca antes celebrado. O videoclipe desse encontro, com direito a um piano que pertenceu à Tom Jobim nas gravações, está no canal do artista no youtube.
Tiso, que divide o sul de Minas como ponto em comum da vida com Tiago Mineiro, é reconhecido por uma obra marcada pelo experimentalismo e fusão entre música popular brasileira, o jazz, o rock progressivo e a música de concerto e integra a geração de músicos mineiros chamada de Clube da Esquina responsável por um movimento de inovação na música nacional tendo como um de seus expoentes Milton Nascimento.
Assista aqui o clipe ‘Estrada Geraes’
Mineiro, que recentemente venceu a etapa popular do Prêmio Profissionais da Música na categoria Artista, Intérprete e Cultura Popular, um dos principais da canção, vive e estuda a Folia de Reis desde criança, quando as chamadas Companhias de Reis, que é o nome dado ao grupo de fiéis que se organiza para celebrar o encontro dos Três Reis Magos com o Menino Jesus, passavam perto de sua casa. A festa religiosa é popular e tradicional no sul do Estado e mostra é uma simbiose da cultura cristã, africana e do folclore.
“Procurei trazer ao ouvinte uma verdadeira viagem pela nossa região, pelos lugares que vivi e pela musicalidade que sempre fez parte de minha vida”, conta Mineiro. A primeira música ao vivo que me lembro de ouvir e ver foi a de uma companhia de reis passando na porta da minha casa. Essa lembrança é forte e fiz questão de trazê-la em um momento delicado em que a luta para manter nossa cultura viva mostra-se cada vez mais difícil”, completa.
‘Pode Agradecer?’, título do álbum, é uma menção ao final da epopéia dos fiéis da Folia de Reis que se embrenham na missão para pagarem suas promessas. Eles peregrinam de casa em casa para rezar, tocar música e, em troca, querem o agradecimento daquele que recebeu a visita especial.
As companhias de reis existem em quase todas as regiões do Brasil e têm suas particularidades, assim, Tiago Mineiro se empenha em, além do disco, fazer um registro dessa movimentação cultural e sonora no site companhiadereis.com.br. Mineiro também é pintor e registra em quadros a Folia de Reis do sul de Minas. Para a missão de ilustrar a capa de ‘Pode Agradecer?’ foi escalado o artista gráfico Glauco Moura que também assina as ilustrações do clipe ‘Os Bastião’, um dos singles do disco.
Assista aqui o clipe ‘Os Bastião’
‘Pode Agradecer?’ conta com músicas que de longe entregam sua mineirice em faixas como ‘Dotô’, uma homenagem ao pai, médico, onde há elementos rítmicos presentes nas companhias de reis e ‘BrigadoIgualmente’, um aceno à infância quando o menino achava que “obrigado” e “igualmente” eram uma só palavra em agradecimento à benção noturna da mãe. ‘Alfenas’ toca na saudade da terra e ganhará clipe em breve em frente a Igreja Matriz.
‘Pode Agradecer?’ conta com as participações especiais ainda de Tutuca (cantor do Quarteto Sentinela), Edu Malta (arranjos, produção musical e baixos acústico e elétrico), Mazin Silva (vencedor do prêmio e-Samsung instrumental, nos violões, viola caipira e guitarra) e de Thiago Sonho (baterista, percussionista e pesquisador de ritmos). As gravações (exceto as músicas com Wagner Tiso, gravadas no Estúdio Verde, no Rio de Janeiro) e a mixagem foram realizadas pelo Wink Estúdio (Caio César e Edu Malta), em Jundiaí, São Paulo. Masterização pelo estúdio Reference (Homero Lolito), em São Paulo. O disco contou com o patrocínio da Unifenas.
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