Quatro dias depois da divulgação do resultado do laudo da Empresa EIAS, de Piracicaba (SP), que aponta contaminação do aquífero pelo cemitério Parque Alto da Colina, a população procura respostas e também soluções para o caso. Mas uma pessoa aparece em todos os debates sobre o assunto: o biólogo e professor Sérgio Faria. Sérgio foi responsável por um dos estudos no início da ação que apontava possibilidade de contaminação do aquífero. O laudo foi feito no início dos anos 2000.
“Há 20 anos o meritíssimo juiz Marcos Irany pediu para fazer o laudo e eu de maneira ética e correta cheguei à conclusão de que a área não atendia à legislação mineira, a lei nº 10.793/92. Ela impede a instalação de cemitérios em áreas de manancial, uma coisa que eu acho bem coerente. A gente não pode ter na nossa caixa d’água nenhum tipo de animal morto”, disse o biólogo em entrevista para o programa Estúdio C, da Rádio Comunitária 87 FM, no último sábado (07).
Na época, o biólogo conversou com o professor de geofísica da USP, Alberto Pacheco, sobre a instalação do cemitério no local. “ Ele me passou as informações e fiz o laudo e falando que o local era inadequado. Lá é uma área de recarga, ou seja, na vertente e na contra vertente do cemitério tem nascentes. Ali foi uma área extremamente inadequada e estarrecedor o poder público da época não seguir a legislação. A prefeitura apresentou laudo da professora Lena Menegassi, que mostrou que a velocidade de percolação, ou seja, de infiltração de necrochorume seria de 20 a 25 anos e foi o que aconteceu”, ressaltou o professor.
Ao ser questionado sobre o tempo de recuperação da área caso o cemitério fosse desativado, a previsão do professor é desanimadora. “Essas nascentes podem nunca mais se recuperar nas próximas gerações”.
Repercussão
Nas redes sociais, a população busca respostas sobre o cemitério. Há quem acredite que a água consumida e distribuída pela Copasa esteja contaminada. Mas segundo o laudo recente feito pela EIAS e o professor Sérgio, essa possibilidade não existe. “ A captação de água mudou de local e está mais acima da área de contaminação. Temos outros problemas como loteamentos acima da captação, mas o cemitério não contaminou a captação”, explicou o professor. Em um comentário, uma internauta desafiou “ Daqui uns dias vão vir com um outro laudo, dizendo que está tudo bem. E nós continuaremos a usar água contaminada. Infelizmente nada será feito”.
De acordo com o juiz da 1ª Vara Cível, o único laudo válido no processo foi o apresentado pela empresa EIAS e é ele que será levado em conta para a decisão da justiça.
“O que temos são estudos que foram apresentados. A bem da verdade este processo não está terminando, ele está recomeçando. Designei uma audiência de conciliação no dia 22 de janeiro para que as autoridades competentes e os peritos nos dêem uma solução sobre o caso. Eu peço ajuda a população porque sei que uma decisão dessas afeta também emocionalmente a todos e quero dividir com todos essa responsabilidade da decisão”, disse o juiz Milton Biagioni Furquim em entrevista por telefone ao programa de rádio.
O ex-vereador à época dos acontecimentos, Sílvio Almeida, também falou com o Portal da Cidade Guaxupé sobre o cemitério. “Eu fui o único que votei contra porque sabia que aquele local era inadequado. O local mais adequado seria ao lado do aeroporto municipal, uma vez que não se pode ter residências ao lado”, explicou o vereador. Ainda segundo Sílvio, a solução para parar a contaminação é exumar os corpos que estão há menos de seis anos enterrados no local. “Acima de seis anos só existe osso e não há risco de contaminação mais. Poderia retirar esses corpos e levar para o cemitério da Praça da Saudade."
Já para Sérgio Faria, a solução poderia ter sido a desativação do barracão da Prefeitura, na Rua Luiz Celani, ao lado de cemitério Luiz Smargiassi. “ É uma área grande e o solo dessa região já está contaminado por causa do cemitério que está lá há anos. Não teria contaminado outra área e nascentes”, disse o biólogo.
O cemitério Luiz Smargiassi também foi alvo de questionamento dos internautas, uma vez que está ao lado da estação de tratamento de água. “ Os corpos estão sob a terra e a estação está sobre o solo, por isso não há risco, mas eu como gestor nunca colocaria um cemitério, uma estação de tratamento de água e uma escola no mesmo quarteirão”, alertou.
Atualmente o cemitério Parque Alto da Colina tem 1.200 corpos sepultados.
Prefeitura
Procurada na sexta-feira (06) pelo Portal da Cidade, a assessoria de comunicação da Prefeitura informou que o órgão não vai se pronunciar sobre o assunto, bem como o vice-prefeito, Dr. Heber, que na época da instalação do cemitério Parque Alto da Colina era prefeito da cidade. O município teve acesso ao laudo oficial também na última sexta-feira (06).
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