A vendedora Helen* não tem carro e anda diariamente sob o sol. Para ela, o calor da primavera guaxupeana está mais intenso em 2019, depois da poda realizada pela Constroeste e a prefeitura em vários pontos da cidade.
“Eu achei horrível, foi uma devastação. Nunca tinha visto uma poda assim na avenida (Dona Floriana) como em lugar nenhum da cidade. Eles realmente devastaram, deixaram a avenida “pelada”. Não tem, não existe mais sombra, fora que agora a gente fica com medo, porque dá um vento, a gente fica com a impressão que a árvore vai partir, porque deixaram a árvore comprida”, relata a vendedora, que trabalha na Avenida Dona Floriana e pediu para ter o nome alterado para a reportagem.
Mais de um mês depois de serem finalizadas, as podas das árvores ainda geram debates e questionamento sobre a forma como foram realizadas, bem como o valor pago pelo serviço. Segundo dados divulgados pelo vereador Jorge Batista Bento da Paz (Solidariedade), solicitados ao poder executivo, o serviço de poda, erradicação, plantio e replantio, custou R$300.486,42 aos cofres públicos. Apesar de o plantio e replantio estarem contemplados no serviço, a compensação ainda não foi realizada.
O assunto foi e é motivo de debate nas redes sociais, e cidadãos questionam a ação. “ Podem observar as sombras das praças e ruas estão acabando, a beleza das flores não é mesma. Lógico que tem situações que a poda drástica é necessária, casos em que a raiz esteja prejudicando a rede de água e esgoto, que haja risco às pessoas e à rede elétrica.
Faço um apelo, não façam mais isto com as árvores da cidade, elas pertencem ao povo de Guaxupé , foram plantadas com muito carinho por pessoas que amam a natureza”, ressaltou o aposentado Ismael de Souza em uma rede social.
Segundo o biólogo Sérgio Faria, a poda foi feita incorretamente. “Esse tipo de poda estimula o crescimento vertical, deixando as árvores mais instáveis, aumentando a possibilidade de queda em caso de vendaval. Além disso diminui a copa. Pouca sombra, maior o calor”, informou ao Portal da Cidade Guaxupé.
O que diz a prefeitura
Procurada, a diretora de Meio Ambiente de Guaxupé, Rafaela Macedo Soares, explicou a razão para as podas drásticas. “ A prefeitura não temos caminhões e equipamentos específicos para isso. Eles vêm de fora. Então quando ela vem, aproveita para fazer uma poda mais drástica, mais séria, porque a gente não tem condição financeira. A gente aproveitou ela (Constroeste) aqui para fazer uma poda mais severa e manter por muito mais tempo aquela poda”, explicou.
Sobre a altura das árvores e o crescimento vertical, Rafaela afirmou que a arborização urbana em canteiros centrais deve ser analisada de uma forma diferente. “ Não podemos olhar somente o estético. Tem o problema do trânsito e o equilíbrio da árvore. Então é olhada a questão de segurança e não estética. As que estavam portas foram retiradas e em algumas as podas foram feitas para retirar galhos mortos. Acontecia muito de galhos cair sobre os carros dos taxistas”, disse.
Recomposição
A cada árvore nativa retirada, a legislação prevê o plantio de outras cinco espécies. No caso de plantas exóticas, a recomposição deve ser de uma para cada arvore cortada.
“A Prefeitura vai apresentar um projeto de recomposição. Na Dona Floriana, onde tivemos árvores cortadas, vamos plantar outras novas. A gente vai apresentar para fazer o projeto na cidade inteira”, afirmou a diretora de meio ambiente, mas não precisou quando o projeto será colocado em prática.
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